O consumo de energia elétrica em Portugal atingiu, no primeiro semestre de 2025, o valor mais elevado de sempre registado no sistema nacional. Entre janeiro e junho, foram consumidos 26 229 GWh, ultrapassando em cerca de 240 GWh o anterior máximo, datado de 2010. Este valor representa um crescimento de 2,2% face ao mesmo período do ano passado, ou 2,0% considerando os efeitos da temperatura e do número de dias úteis.
Em junho, o consumo voltou a registar um crescimento, de 4,4%, ou 3,1% com correção dos efeitos da temperatura e dias úteis.
Apesar do aumento da procura, as condições meteorológicas foram desfavoráveis para a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis. Os índices de produtibilidade ficaram abaixo dos valores médios: 0,92 para a hidroelétrica, 0,88 para a eólica e 0,91 para a solar. Ainda assim, a energia solar manteve a tendência de crescimento, com picos diários superiores a 3200 MW e, pela primeira vez, um peso mensal equivalente ao da energia eólica.
No total, a produção renovável abasteceu 55% do consumo em junho, enquanto a produção não renovável respondeu por 17% e os restantes 28% foram assegurados por importações.
No acumulado do semestre, a produção renovável abasteceu 77% do consumo, com a hidroelétrica a representar 36%, a eólica 26%, a solar 11% e a biomassa 5%. A produção a gás natural abasteceu 13% do consumo, enquanto os restantes 10% corresponderam a energia importada. Os índices médios de produtibilidade no semestre foram de 1,41 para a hidroelétrica, 0,98 para a eólica e 0,88 para a solar.
No mercado de gás natural, o consumo registou em junho um crescimento homólogo de 32%, impulsionado pelo aumento da produção de eletricidade a partir de gás natural. Em sentido contrário, o segmento convencional, que inclui os restantes consumidores, registou uma quebra de cerca de 14%.
No primeiro semestre, o consumo acumulado de gás natural cresceu 10,1%, com o segmento de produção de eletricidade a mais do que duplicar face ao mesmo período do ano anterior. Já o segmento convencional registou uma contração de 7,6%, atingindo o valor mais baixo desde 2009.
O abastecimento do sistema nacional foi assegurado quase na totalidade pelo terminal de GNL de Sines, com dois terços do gás proveniente da Nigéria. No total do semestre, 96% do aprovisionamento foi feito através de Sines, com a Nigéria e os Estados Unidos a representarem, respetivamente, 54% e 33% do total de gás consumido em Portugal.