O primeiro semestre do ano foi caracterizado por desafios operacionais importantes, nomeadamente, o eclodir da guerra na Ucrânia em fevereiro, a pressão sobre o abastecimento de Gás Natural na Europa, a situação grave de seca e o acelerar do ritmo de desenvolvimento de novas infraestruturas de suporte à transição energética.
Apesar destas circunstâncias, a atividade desenrolou-se de forma positiva. O EBITDA atingiu os 238,4M€, um aumento de 4,6% (+10,5M€) face ao mesmo período de 2021, refletindo o desempenho positivo em Portugal e o aumento da contribuição do negócio no Chile (+3,7M€) para os resultados da empresa.
O resultado líquido foi de 45,9M€ nos primeiros seis meses de 2022, um aumento de 16% (+6,3M€) em comparação com o período homólogo. Para este resultado líquido contribuiu a performance positiva do EBITDA (+10,5M€) e a melhoria em 16,5% dos resultados financeiros (+3,0M€).
Os resultados foram, no entanto, penalizados por um recuo nos incentivos regulados na eletricidade (-9,7M€), e pelo aumento dos custos operacionais (+2,3M€), relacionado com o crescimento dos custos com a eletricidade (+5,3M€).
Assistiu-se ainda um aumento dos impostos, para os 53,2M€ (+6,3%), que incorpora um acréscimo de 0,9M€ na Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE).
A qualidade do serviço, à semelhança do ano anterior, manteve-se em níveis extremamente elevados, tanto ao nível de percas na rede, como ao nível da disponibilidade de eletricidade e de gás natural, como à capacidade de resposta a situações de emergência na distribuição de Gás Natural.
O consumo de energia elétrica cresceu 2,9% no primeiro semestre do ano, face a idêntico período do ano passado, ou 3,0% com correção de temperatura e dias úteis. Já o consumo de gás natural registou uma ligeira queda homóloga de 1,2%, resultado de um recuo de 22% no segmento convencional e de um crescimento de 49% no segmento de produção de energia elétrica.
Nos primeiros seis meses do ano, a produção renovável abasteceu 47,5% do consumo de energia elétrica, repartida pela eólica com 25%, hidroelétrica com 11%, biomassa com 7% e fotovoltaica com 5%. Num semestre marcado pela seca severa e extrema em todo o país, o índice de produtibilidade hidroelétrica ficou-se apenas pelos 0,34 (média histórica igual a 1).
A produção a gás natural abasteceu 31% do consumo - o valor mais elevado de sempre para o primeiro semestre, enquanto os restantes 21% corresponderem ao saldo importador, igualmente o valor mais elevado registado no sistema elétrico nacional.
O abastecimento de gás natural foi feito, de forma praticamente integral partir do terminal de GNL de Sines, com o saldo de trocas através da interligação com Espanha a registar este mês um valor praticamente nulo. Nos 6 primeiros meses do ano, o Terminal de GNL de Sines recebeu 39 navios, um novo recorde máximo semestral, face aos 34 navios verificados em período homólogo de 2019. O Terminal foi responsável por 99% do abastecimento de gás natural em Portugal nos primeiros seis meses do ano.
O primeiro semestre do ano fica ainda marcado pela entrada em vigor do novo modelo regulatório para o setor elétrico, definido pela ERSE, e pela entrada em vigor da nova lei que estabelece a organização e o funcionamento do Sistema Elétrico Nacional. De destacar ainda o acordo entre o Governo Português e Governo Espanhol, que cria um mecanismo de ajustamento temporário dos custos de produção de eletricidade, estabelecendo um preço-referência do gás natural para a produção de eletricidade.