«'Elizabeth Blackburn, vencedora de um prémio Nobel, é autora de uma das citações que resume a minha infância: 'I didn't want to just know the names of things. I remember really wanting to know how it all worked.'
Recordo-me das noites de Natal em que, depois de abertos os presentes, o meu momento favorito passava por ajudar o meu irmão a montar os brinquedos que tinha acabado de receber. Pegava nos manuais de instruções, nos legos e nos puzzles, e tinha motivo para horas de distração. Seria a única?
Desde cedo é possível verificar diferenças no padrão comportamental e de adaptação social entre rapazes e raparigas. Consciente ou inconscientemente, a sociedade incute-nos diferentes estereótipos para determinados tipos de brincadeiras. Somos assim tão divergentes? Quanto a mim, sempre tive curiosidade em perceber como é que as coisas funcionavam. Em retrospetiva, creio que estava destinada a ingressar numa área mais técnica. A verdade é que, quando questionada sobre qual o caminho que pretendia tomar, a minha resposta era invariavelmente a mesma: «Quero seguir uma engenharia!» E, mantendo-me fiel à minha convicção, hoje sou engenheira química!
Ao longo do meu percurso, constatei que somos, através dos números, tacitamente levados a acreditar que a engenharia é uma esfera maioritariamente masculina. Mas acredito que, num futuro não tão longínquo assim, essa crença acabará por se dissipar. E a construção desse futuro começa hoje!
Hoje sei que o papel desempenhado por pais e educadores, alicerçado numa consciência social mais inclusiva, é o ponto de partida necessário para quebrar preconceitos e desmistificar estas questões de género. Caminhamos a passos largos para um futuro onde certamente beneficiaremos da diversidade e pluralidade para alargar horizontes, e onde seremos capazes de explorar diferentes perspetivas que nos conduzirão, inexoravelmente, a melhores decisões.» | Patrícia Cotrim