O projeto 'Lousada + VERDE: Restauro Ecológico em prol da comunidade' da Associação VERDE, de Lousada, é o grande vencedor Prémio AGIR da REN, cuja nona edição é dedicada à promoção do meio ambiente, da biodiversidade e ao combate às alterações climáticas. O 'Lousada + VERDE' pretende valorizar o território de Lousada, dando um valor aos serviços de ecossistema, como o sequestro de carbono, e implementando práticas agro-florestais que potenciem o rendimento dos proprietários locais.
A Associação Vertigem, de Porto de Mós, ficou no segundo lugar com a criação do Centro de Interpretação da Abelha e do Mel na Serra de Aires e Candeeiros, enquanto a Cooperativa Rizoma, com a sua Mercearia Comunitária em Lisboa, foi a terceira classificada.
As intervenções que a Associação VERDE tem efetuado em terrenos abandonados, através da sua solução de compensação de carbono, 'Carbono Diverso', foi precisamente o ponto de partida para o surgimento do 'Lousada + VERDE'. O projeto tem como objetivo a intervenção da associação em propriedades privadas, efetuando o controle de espécies invasoras, a plantação de árvores e arbustos autóctones e a construção de estruturas de madeira morta e de charcos, essenciais para aumentar a biodiversidade das áreas que apresentem já algum valor de conservação da natureza pela presença de árvores de grande porte. Através destas medidas, será testado um modelo que misture a valorização dos serviços de um ecossistema e práticas de gestão (agro)florestal que aumentem a biodiversidade. O escoamento de produtos agroflorestais ajudará ainda na criação de receitas que permitam tornar o projeto autossustentável. É também objetivo da VERDE promover ações de voluntariado e educação ambiental envolvendo centenas de cidadãos durante o próximo ano.
Para João Soutinho da VERDE, 'o Prémio AGIR da REN vai-nos permitir ter mais meios, mais equipamentos, e estudar potenciais cadeias de valor de produtos secundários que possam sair desta floresta - bolota, medronho, mel, cogumelos, entre outros. Com a implementação deste projeto, será ainda possível potenciar atividades de educação ambiental e de visitação, desenvolvendo, deste modo, um laboratório através do qual a floresta nativa poderá ser valorizada, tornando-se um ativo do território.'
Instituições de Porto de Mós e de Lisboa também premiadas
A Associação Vertigem, com sede em Portela Vale de Espinho, Porto de Mós, tem como principal objetivo a valorização do património cultural, natural e da biodiversidade. O Centro de Interpretação da Abelha e do Mel (CIAM) será criado precisamente para envolver a comunidade e os apicultores locais e para educar em relação à sociedade das abelhas.
A criação do CIAM numa antiga escola, em plena Serra de Aires e Candeeiros, é a ação mais visível do projeto da Associação Vertigem, segunda classificada no Prémio AGIR. Mas a Associação pretende também criar oportunidades para o sector da apicultura e do turismo, aumentar a proteção ambiental, o crescimento económico e desenvolver novas oportunidades de emprego. Para tal, tem como objetivo envolver mais de 5.000 pessoas nos primeiros três anos em ações de formação, atividades de educação ambiental e visitas ao CIAM.
De acordo com o projeto, o CIAM passará a ser um polo congregador e dinamizador da apicultura e do turismo próximo da natureza no concelho de Porto de Mós. Está ainda prevista a criação de um web site de suporte promocional com ligações ao turismo local, regional e nacional que irá contribuir para esse objetivo.
Para Rui Cordeiro, presidente da Vertigem, 'com o prémio AGIR da REN será possível envolver outras entidades na recuperação de uma antiga escola primária, que vamos equipar com materiais para a educação ambiental. Será ainda criado um polo de agregação dos apicultores locais para formação, assim como um espaço dedicado para receber escolas no âmbito da educação ambiental. E vamos valorizar a apicultura e o turismo apícola, dando valor à região e rendimento aos apicultores. Queremos implementar uma apicultura amiga do ambiente, com uma abordagem em técnicas apícolas centradas na apicultura biodinâmica que respeite a integridade natural da colónia'.
Já o terceiro lugar foi atribuído ao projeto de uma Mercearia Comunitária, da Rizoma Cooperativa Integral, com sede em Lisboa. A Mercearia, sem fins lucrativos e acessível para compras apenas aos cooperantes, pretende ser um passo para o combate às alterações climáticas ao fomentar uma mudança no sistema alimentar. Constitui também um investimento na comunidade e na economia local, ao apoiar os produtores locais e incentivar o empreendedorismo.
Na Rizoma, os cooperantes têm acesso a produtos saudáveis, na sua maioria locais, sazonais e com baixo impacto ecológico, a preços justos para quem produz e acessíveis para quem consome - nas etiquetas de preço aparece o valor pago ao produtor, o IVA e a margem da cooperativa sobre o produto. Baseada num modelo escalável e replicável, já realizado com sucesso noutros países, a mercearia comunitária é pioneira em Portugal e apresenta uma resposta transversal a vários problemas sistémicos relacionados com o consumo. O prémio AGIR permitirá a expansão da mercearia-café, promover a angariação de novos membros e o envolvimento dos produtores locais.
De acordo com Camila Lobo, da Rizoma Coop, 'a sustentabilidade está presente na circularidade do funcionamento da loja: através da escolha de produtos com baixo impacto ambiental, a reutilização de embalagens e reaproveitamento de alimentos em vias de desperdício para criar produtos e composto. O Prémio AGIR vai ter um importante impacto na comunidade, pois irá permitir adquirir novos equipamentos e melhorar o sistema de gestão da mercearia, continuando a promover o consumo sustentável e a dar resposta às necessidades da comunidade.'
O Prémio AGIR 2023 será dedicado à Promoção do Desenvolvimento Sustentável, em linha com a Agenda 2030, criada em 2015 pelas Nações Unidas e que a REN incorpora na sua estratégia de sustentabilidade. A Agenda 2030 contém 17 Objetivos e 169 metas de Desenvolvimento Sustentável, aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável (sócio, económico, ambiental) e pretende ser uma visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos, para a promoção da paz, justiça e instituições eficazes. Na edição de 2023 do Prémio AGIR, a REN irá apoiar projetos que promovam soluções sustentáveis para o cumprimento de um ou mais dos ODS e suas respetivas metas, promovendo assim o desenvolvimento sustentável.
Fique a conhecer melhor cada um dos projetos vencedores abaixo.