19 fevereiro 2024

Projeto para aumentar empregabilidade de jovens em contexto de adversidade vence Prémio AGIR da REN

O projeto “Leaders Gang” da Mentes Empreendedoras é o grande vencedor do Prémio AGIR da REN, cuja décima edição foi dedicada à promoção do desenvolvimento sustentável. Criado em 2022, este projeto de âmbito nacional dá formação a jovens adultos, aumentando a sua empregabilidade e incentivando-os a partilhar esses conhecimentos com alunos do ensino secundário das regiões onde estudaram.

A Rural Move - Associação para a Promoção do Investimento em Territórios de Baixa Densidade, sediada em Miranda do Douro, ficou em segundo lugar, graças à “Academia de Líderes Rurais”. Já a Associação de Defesa do Património de Mértola, com o projeto “Desenvolvimento Sustentável do Montado - capitalização dos SIGM” (Sistema Integrado de Gestão do Montado), foi a terceira classificada.

Leaders Gang - Criar uma geração de cidadãos com impacto

O “Leaders Gang”, desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação, começa por identificar estudantes do ensino superior que se destacaram no seu percurso ao longo do ensino secundário. O projeto coloca-os em contacto com figuras inspiradoras, proporciona-lhes experiências transformadoras e dá-lhes formação em competências como liderança, comunicação ou resolução de problemas. O objetivo é que os participantes do projeto incentivem os alunos de escolas das regiões onde cresceram a criar soluções para problemas na comunidade, contribuindo para uma maior participação social dos mesmos. Na sua primeira edição, o projeto chegou a 100 universitários, maioritariamente mulheres, que visitaram 44 escolas em 14 distritos, inspirando e impactando cerca de 1500 alunos.

A Mentes Empreendedoras, que tem o propósito de promover uma atitude: “Eu quero! Eu posso! Eu faço!”, espera que o resultado deste programa, a longo prazo, seja Portugal conseguir ter mais lideranças femininas e provenientes de contextos mais diversos. Entre os participantes na experiência piloto, 65% do grupo era do sexo feminino e 19% era proveniente do interior. 58% vieram do Norte, 23,5% de Lisboa e Vale do Tejo, 8,7% do Centro, 6% do Alentejo e 3,5% do Algarve.

Para Ana Moreira, da Mentes Empreendedoras, “Contamos com o apoio do prémio AGIR, da REN, e o nosso objetivo é claro: criar uma geração de cidadãos de impacto, líderes capazes de se transformarem a si próprios e às suas comunidades. O prémio permite avançar com a segunda edição do Leaders Gang, aumentar a visibilidade e consolidar o projeto, investir na mentoria e formação individual dos participantes e introduzir a vertente de promoção da saúde mental”.

Instituições de Miranda do Douro e de Mértola também premiadas

A Rural Move - Associação para a Promoção do Investimento em Territórios de Baixa Densidade, sediada em Miranda do Douro, tem como objetivo incentivar o investimento e o repovoamento dos territórios rurais. Através da “Academia de Líderes Rurais”, a Rural Move vai formar e capacitar moradores locais e aqueles que querem viver, trabalhar ou investir em territórios rurais – os Rural Movers.

O público-alvo deste projeto são jovens entre os 15 e os 29 que não estudem, não trabalhem, nem frequentem qualquer tipo de formação, assim como entidades locais e novos residentes de territórios rurais na zona do Médio Tejo. O projeto, que conta com o apoio dos municípios de Mação, Tomar, Alcanena, Sardoal e Torres Novas, vai dar formação prática aos candidatos em áreas como empreendedorismo, inovação, comunicação e uso de ferramentas digitais, e também trabalhar mais aprofundadamente outras áreas que sejam respostas necessárias à realidade de cada localidade. O objetivo é criar uma rede de líderes locais, capacitados para conduzir iniciativas de desenvolvimento sustentável nas suas localidades, facilitando a fixação em territórios rurais e dando poder às comunidades para impulsionar o seu desenvolvimento.

Para Luísa Ribeiro, da Rural Move, “o prémio AGIR, da REN, vai permitir que tenhamos mais recursos para a implementação do projeto da Academia e que o possamos trabalhar de forma mais próxima das comunidades e das localidades onde vai ser desenvolvido. É mais um passo no sentido a quebrar o ciclo vicioso da desvalorização e despovoamento de zonas rurais, criando novas oportunidades que tornem estes territórios mais atrativos”.

Já o terceiro lugar no Prémio AGIR foi atribuído ao projeto “Desenvolvimento Sustentável do Montado - capitalização dos SIGM” da Associação de Defesa do Património de Mértola, que pretende incentivar a conservação do montado, um habitat classificado e protegido pela União Europeia e uma das paisagens mais emblemáticas do Mediterrâneo, mas também uma das mais ameaçadas. O estado de conservação do Montado foi avaliado como inadequado em Portugal, estimando-se que a sua área esteja a diminuir em 5.500 ha por ano.

O projeto, através da partilha de informação e da capitalização da ferramenta de apoio à decisão SIGM, pretende a reversão desse declínio. A expectativa é que o projeto capacite produtores e técnicos para que contribuam para a proteção do montado, incentivando ao desenvolvimento socioeconómico, conservando a biodiversidade e aumentando os serviços providenciados por este ecossistema, como o sequestro de carbono. O projeto irá incluir sessões de formação e sensibilização para boas práticas de conservação do Montado, esperando-se alcançar cerca de 200 proprietários, e a dinamização de uma rede de montados demonstrativos de adaptações às alterações climáticas.

Para Ricardo Vieira, da Associação de Defesa do Património de Mértola, uma ONG de Ambiente que nasceu em 1980 com o objetivo de conciliar a conservação dos recursos naturais com o desenvolvimento dos territórios rurais, a distinção na 10ª edição do prémio AGIR, “irá contribuir para a melhoria da conservação do Montado através da divulgação de conhecimento, cooperação e da inovação multi-ator”.

Conheça aqui todos os projetos vencedores da edição deste ano e de anos anteriores.

10 anos de Prémio AGIR

O Prémio AGIR 2024 será dedicado ao Apoio e Inclusão de Pessoas Em Situação de Sem Abrigo, quando se assinalam os 10 anos do lançamento deste prémio.

Os estudos sobre este fenómeno mostram que o perfil tipo da pessoa em situação de sem-abrigo é cada vez mais variado, tornando necessária uma maior diversidade de respostas por parte da sociedade civil.

A escolha deste tópico para tema do Prémio AGIR demonstra o reconhecimento por parte da REN de que este é um desafio cada vez mais premente, dado o número de pessoas em situação sem-abrigo ter aumentado 78% desde 2019, segundo dados da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, divulgados em 2023.

Sobre o Prémio AGIR

O Prémio AGIR enquadra-se na política de envolvimento com a Comunidade e Inovação Social da REN. Anualmente, o Prémio AGIR seleciona uma área de intervenção social e distingue três projetos. 

A seleção dos três melhores projetos é da responsabilidade da REN, em parceria com a STONE SOUP, que acompanha e monitoriza a utilização dos fundos doados a cada projeto apoiado, efetuando também a avaliação do impacto social real do apoio atribuído. Ao primeiro classificado é concedido um valor monetário de trinta mil euros, ao segundo quinze mil euros e ao terceiro cinco mil euros.



;
0:00
/
0:00